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segunda-feira, maio 09, 2005

Definir a música do grupo potiguar DuSouto, que lança seu primeiro álbum durante o festival Mada (Música Alimento da Alma) – que acontece entre os dias 26 a 28 de maio na capital do Rio Grande do Norte –, não é uma questão de nomeclatura. Isso porque, sem purismos e sem preconceitos, são muitos os gêneros usados pelo grupo para criar uma sonoridade que já não é tão nova ou inédita, mas que termina cristalizando um novo estilo, com espírito indie, diferente de tudo já feito.
Definitivamente não é modismo, já que o novo pop brasileiro vem se moldando com as mais diversas influências. Sem restrições, no caso do DuSouto elas incluem o samba, a bossa nova, o reggae, o baião, o toré e, principalmente, o coco. Mesclado a esses ritmos “tradicionais”, o grupo usa como base algumas vertentes da “moderna” música eletrônica, como o jungle, o dub e o drum’n’bass. O resultado é uma profusão de grandes idéias, que com seus minimalistas detalhes eletrônicos e percussão vigorosa seduz à primeira audição, dando vontade de sair por aí dançando até comer os joelhos.
Não é apenas a diversidade rítmica do DuSouto que torna a sua música superlativa. Nas letras e nos samples usados revelam-se temas e citações que confirmam a pluralidade brasileira, que vão desde um ponto de candomblé, em “Ie Mãe Jah”, até a bossanovista “Nem o Mar Sabia”, com Os Cariocas, em “Do Lado de Lá”, passando por Luiz Gonzaga (“Deixa a Tanga Voar”), em “Black Point”, e Chico Antônio (“Luquinha da Lagoa”), em “Tá na Roda”, além de um trecho do Artigo 1º da Declaração dos Direitos Humanos, lido por Jardes Macalé no espetáculo “Banquete dos Mendigos”, o que dá sinais das inclinações políticas do grupo.
Todas as músicas do DuSouto foram criadas, produzidas e arranjadas coletivamente por Paulo Souto e Gustavo Lamartine (vocais), Gabriel Souto (groove box, MPC e picapes) e Fídja Novaes, Edmundo de Jesus e Cacau Arcoverde (percussão). Além deles, o grupo também tem como integrante o VJ Júlio Castro, que usa cenas captadas da Cidade do Natal, de animações e de fotos para transformar em imagem o que as músicas dizem.
Numa última análise, a música do DuSouto é indefinível por não ser previsível, chata; nem traz experimentalismos assustadores, surpresas incompreensível. É um música liberta de rotulações, suave ao mesmo tempo que empolgante, emocional. O prazer de ouvi-la está no equilíbrio das referências atualizadas. Eis tudo.

Silvio Santiago
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